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2001 Uma Odisséia no Espaço




Talvez uma das obras mais intrigantes e complexas já produzidas, 2001 - Uma Odisséia no Espaço, dirigido por Stanley Kubrick é, sem qualquer dúvida, um marco do cinema.
Rodado em 19, aobra mostra o quanto Kubrick e C. Clarke se adiantaram no tempo ao retratarem não apenas a viajem do homem no espaço mas por ser o primeiro filme a levantar a hipótese do avanço da inteligência artificial.
Os efeitos especiais utilizados na produção são surpreendentes e realistas até mesmo para os padrões atuais, superando em certos pontos até mesmos as atuais produções cinematográficas. Talvez isso aconteça graças á sempre perfeita fotografia e enquadramento de câmera, marcas registradas de Kubrick e que sempre se provam definitivas para um resultado conclusivo.


A consagração de Odisséia no cinema e no inconsciente dos espectadores se deve a diversos fatores. O primeiro deles é o enredo pouco convencional e totalmente inovador para a época em que foi lançado.
Pois, ao mesmo tempo que mostra a possibilidade de alieníngenas estarem observando nosso planeta desde seu surgimento, mostra também a visão apocalíptica da humanidade diante de sua própria evolução.
A história do filme é um pouco difícil de ser entendida com clareza. Para facilitar, C. Clarke escreveu posteriormente uma continuação que também foi filmada, chamada 2010- O Ano em que Faremos Contato que promete responder á todas as dúvidas que ficaram pendentes na primeira obra. Porém, esta segunda parte carece da qualidade da obra original e portanto não será comentada aqui (afinal, como comentário altamente pessoal - se compararmos a obra de Kubrick com essa, veremos que não fazem qualquer sentido).


Dividida no que poderia ser dito como "capítulos", o filme mostra, de forma quase que inteiramente silenciosa, a eterna busca da humanidade em encontrar a própria sobrevivência intelectual.
No começo é mostrado a vida do homem pré-histórico em sua forma mais primordial e como sua consciência evoluiu. E, logo após a consciência do "eu", uma misteriosa tábua monolítica negra de grande estatura subitamente surge no centro daquele grupo de homens-macaco, que logo se torna o centro de tudo para as criaturas.
Em seguida, o filme salta para o futuro distante onde a espécie humana vive em colossais naves interplanetárias, com seus tripulantes convivendo normalmente com padrões de vida que são capazes de deixar os telespectadores intrigados. "É assim que será a vida humana fora da Terra?" É o que nos perguntamos.


Quando um grupo de astronautas convocados por seus superiores vão á uma determinada região da Lua, encontram aquilo que pode ser capaz de causar um furor de âmbito mundial: uma misteriosa tábua monolítica negra de grande estatura.
O filme é então cortado para seu último capítulo, o qual também é dividido em mais dois capítulos. Na primeira parte acompanhamos a viajem espacial de dois cientistas coordenadas por um poderoso computador dotado de avançada inteligência artificial e completamento isento de falhas, garantido por todos e até pela própria máquina. Seu nome: Hal-9000, um dos mais notórios vilões do cinema.


Nessa fase, a abordagem dos avanços da inteligência artificial e até que ponto podemos confiar não em suas capacidades mas na certeza de sua falta de emoções, é um ponto crucial. Junto á isso existe o medo da solidão e da morte para o único sobrevivente humano na nave, interpretados pelo silêncio extremo e o lento deslize da nave Discovery pela imensidão espacial.
E a última e conclusiva parte revela-se á intrigante verdade, nos conscientizando da pequenez de nossa existência e a busca não apenas pela razão de ser ou o mistério além, mas até do princípio Criador. E a presença daquela tábua monolítica no último momento do filme nos hipnotiza, na desesperadora certeza de estarmos perante a Verdade.


Maestralmente conduzido, o filme é praticamente mudo. Os diálogos são escassos e a maior parte do filme é acompanhada por uma trilha sonora clássica com o intuito de fazer com que todo o lento e um pouco exagerado desenrolar das cenas seja menos exaustivo. Detalhe: a música Tlzits Spake Zarathirstra, de Richard Strauss, utilizada no início, foi baseada num livro de Nietzsche e significa a passagem do homem primitivo para o além-homem.


Outro ponto interessante é quando são mostradas as atividades no vácuo espacial, o silêncio é total, algo altamente realista que é completamente ignorado nas obras cinematográficas posteriores. E o mesmo acontece com os enquadramentos de câmera sobre o rosto do último sobrevivente da nave e na luz vermelha que seria o "olho" de Hal-9000. Chegando á quase um minuto, esse enquadramento nos faz pensar exatamente no que está acontecendo ou o que estão sentindo.

De uma forma singular e criativa, 2001 - Uma Odisséia no Espaço é uma viajem psicodélica por um futuro que, estando tão evoluído busca a última e mais importante resposta. E prova o quão nossas existências são insignficantes diante da imensidão do universo e de suas formas de vida superiores. Sntaley Kubrick, nessa que é uma das (ou senão a maior) obra-prima, revela que, á partir do momento que o homem desenvolve sua consciência. E, no momento que o ser humano atinge o ponto final da evolução em seu último de vida solitária e efêmera, a real forma da Criação surge diante de si em uma imagem claramente perturbadora.

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